quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Só você sabe o que sente.

Lá estava eu, no ônibus das 8 horas folheando "A manhã seguinte sempre chega" do Gabito.
Quem já leu algum texto dele sabe do que eu estou falando.

Então passo os olhos pelo texto sobre a Ana Clara, a minha Luiza. Sempre sonhei com relacionamentos perfeitos, com jantares caseiros a luz de velas, danças lentas ao som de Summertime e noites memoráveis e crianças lindas e bochechudas brincando de esconde-esconde pela casa de campo da família. Mas minha vida parece ser roteiro de filme de comédia pastelão com direito a pessoas escondidas por horas dentro do armário, guerras de comida e tapas na cara.

Depois de ler a última linha decidi não mais me abster do romantismo. Acho que consigo lidar com uma vida onde eu goste de ganhar rosas colombianas no trabalho, de receber ligações 58 vezes por dia pra saber como eu estou ou até mesmo dividir um yakult ou o mesmo teto com alguém, que seja.

Já me disseram que tenho coração peludo, gelado, petrificado, fossilizado. Mas quem já se fodeu muito no sentido love fossa sabe do que estou falando. Você pode passar a ser mais (ou menos) seletivo a partir da primeira decepção. Escolher a dedo as pessoas erradas pq no fundo você sabe que essa merda não vai dar em nada além de triplicar sua gastrite e fazer você se especializar em planos de morte e fuga sagazes.

Só você sabe o que sente (as vezes você simplesmente não sabe, só sente), só você sabe o que te faz ser completamente idiota e ligar praquele cara que você colocou na cabeça que tem certeza que é o homem da sua vida vestido de barba e xadrez atrás de boas intenções (que só não são as mesmas que as suas que, por sua vez, talvez não sejam realmente tão boas). Só você sabe o quanto ele não preenche o vazio que aquele primeiro retardado que recitava frases de Chaves e Chapolin durante uma declaração de amor deixou. E você lembra que sempre vai ser tão imbecil quanto porque rolava de rir com "O gato ou o Kiko" durante uma discusão de relação que sempre terminava com um "ainda não sei porque eu gosto tanto de você".

É isso. Não sei porque gosto tanto. Talvez eu realmente nem goste. Talvez tenha sido a oportunidade que levou a esse desfecho de olhos molhados e coração apertado. Talvez seja o modo como acho fofa aquela cara de "você cheira cocaína" que eu adoro provocar. Talvez seja pelo simples fato de que preciso aprender que pessoas não se substituem, tampouco sentimentos e menos ainda os vazios na alma de artista sofrido e mal compreendido.

Na verdade nem eu sei o que sinto.

Um comentário:

  1. Que bom que já sabe o que sente. Este é o primeiro passo para desprender os pés do chão e se deixar levar em um show de rock (ou dos Los Hermanos, como queira). O importante é voar.

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